Preços de alimentos em Teresina sobem até 40% com a pandemia

Donos de restaurantes de Teresina que continuam atendendo por delivery perceberam nos últimos meses aumentos de até 40% na matéria-prima, o que tem dificultado o faturamento. A percepção também foi sentida por consumidores ao fazer as compras no supermercado.

O empresário Marcel Andrade já vinha observando aumentos desde janeiro, mas após a pandemia os preços dispararam. Especializado em comida regional, como mão-de-vaca, panelada e sarapatel, o restaurante SOS Ressaca delivery sentiu o peso dos valores. Segundo ele, ano passado a tripa custava R$ 3,00 o quilo. Em janeiro aumentou para R$ 7,00 e agora custa R$ 10,00. Ao todo, de janeiro a junho, o preço mais que triplicou.

No mesmo período, o quilo do bucho custava R$ 13,00, pulou para R$ 15,00 e mês passado aumentou para R$ 18,00. Entre 2019 e janeiro, o reajuste foi de 16%, já de janeiro a junho, de 20%.

“Estamos com uma proposta de vender congelado também para revenda em lojas de conveniência e supermercados, mas com a pandemia e com esses preços altos, o projeto está na gaveta”, reclama Marcel, dono do SOS Ressaca. Ele também observou alta exagerada em itens como arroz tipo 1, que subiu de R$ 15 para R$ 20 o pacote de cinco quilos em apenas dois meses.

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Outro empresário, Renato Marques, percebeu aumento elevado no preço do leite em pó, açúcar e morango. “Leite em pó eu comprava fardo de até R$ 189,00 agora está uns R$ 270,00 (alta de mais de 40%).  Açúcar, encontrava fardo por R$ 60,00 agora tá quase R$ 90,00. Morango, a caixa custava R$ 20,00 e passou para R$ 30,00”, relatou.

Demanda mantém preços elevados, diz IBGE

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, publicado no último dia 10 pelo IBGE e que mede a inflação nacional, constatou aumento dos alimentos. Embora a pesquisa não colete preços no Piauí, o estudo dá ideia dos valores reajustados no Brasil.

O grupo com maior impacto do resultado do IPCA de junho foi alimentação e bebidas (0,38%), que aumentou em relação ao resultado de maio (0,24%). Este conjunto de itens, no entanto, já vinha de uma sequência de alta, que está em parte ligada à demanda elevada durante a pandemia do Covid-19.

“As medidas de isolamento social, que fizeram as pessoas cozinharem mais em casa, por exemplo, ainda estão em vigor em boa parte do país. Isso gera um efeito de demanda e mantém os preços em patamar mais elevado”, explica Pedro Kislanov, gerente da pesquisa.

Um exemplo é o item alimentos para consumo no domicílio, que passou de 0,33% em maio para 0,45% em junho, influenciado principalmente pela alta nos preços das carnes (1,19%) e do leite longa vida (2,33%).

Outros itens importantes na cesta de consumo das famílias, como o arroz (2,74%), o feijão-carioca (4,96%) e o queijo (2,48%) também registraram alta.

Procon apura se houve aumento abusivo

Procurado pelo Piauí Negócios, o Procon informou que está apurando denúncias do aumento de preços de alimentos. O órgão disse que tem realizado fiscalizações para inibir essa prática, assim como para aplicar eventual multa, caso se apure em pareceres das perícias se houve abusividade no aumento dos preços dos alimentos.

Alguns fornecedores não quiseram se manifestar sobre o assunto. A Associação Piauiense de Supermercados (Apisu) informou que o valor da cesta básica subiu, de janeiro a maio 5,63% na comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Mas a entidade não explicou o motivo da subida de alguns produtos em valores elevados.

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