Reflorestamento reduz perda de colmeias no centro-sul do Piauí

O Projeto de Reflorestamento Apícola da Casa Apis tem feito a diferença no dia a dia dos apicultores da região de Picos. A iniciativa teve início em 2021, com seleção dos participantes, seguida de mapeamento e cadastramento das áreas. Na sequência, trabalhou-se a produção de mudas nos viveiros da Casa Apis. A preparação do solo foi a etapa seguinte, sucedida pelo plantio das árvores e instalação dos kits de irrigação. Atualmente já são quase 80 hectares plantados, com cerca de 72 mil árvores e 52 kits de irrigação instalados.

O Sebrae no Piauí, por meio do Projeto Agronordeste Picos, é um dos parceiros do projeto. A instituição vem realizando consultorias tecnológicas do Programa Sebraetec para cerca de 130 apicultores ligados a cooperativas da base produtiva da Casa Apis. O foco das consultorias é a implantação de práticas sustentáveis para assegurar a produtividade das colmeias.

“Esse é um projeto bastante inovador, com potencial para revolucionar a apicultura piauiense. É uma prática sustentável que resolve um problema antigo dessa cadeia produtiva, que é a falta de alimentação natural para as abelhas no período da estiagem, o que vinha ocasionando quase 40% de perda de enxames. Várias outras alternativas já foram testadas, como migração de colmeias, mas não se mostraram totalmente viáveis. Agora temos uma boa prática de convivência com o semiárido, que é referência para o Brasil e para o mundo. E o Sebrae se orgulha de fazer parte desse projeto, que deve contribuir para incrementar a geração de emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida dos apicultores”, declara o diretor técnico do Sebrae no Piauí, Delano Rocha.

Os consultores do Sebrae atuam desde o georreferenciamento, diagnóstico das áreas a serem trabalhadas, preparo do solo, produção de mudas em viveiros e tratos culturais das plantas até o acompanhamento técnico dos apicultores para assegurar os melhores resultados.

“Estamos muito satisfeitos com esse projeto, que reduziu bastante a perda dos enxames no período de seca. Hoje temos área irrigada e possibilidade de sombreamento das colmeias. Com isso, consegui aumentar a produtividade. Estamos recebendo o acompanhamento técnico de consultores do Sebrae desde a preparação das terras, produção das mudas até o plantio, com orientação sobre espaçamento e outros aspectos que influenciam no reflorestamento”, destaca o apicultor Francisco Natanael Oliveira, presidente da Cooperativa Mista de Pequenos Agricultores de Itainópolis (Compai), entidade que faz parte da base produtiva da Casa Apis.

O PROJETO

O Projeto de Reflorestamento Apícola da Casa Apis – premiado no 48º Congresso da Federação Internacional de Associações de Apicultores (Apimondia) entre 60 iniciativas inscritas – é focado na sustentabilidade ambiental e consiste no plantio de árvores melíferas, resistentes à seca, em áreas degradadas para garantir a alimentação das abelhas no período de estiagem, além do sombreamento das colmeias.

“Esse projeto foi pensado como uma estratégia para garantir a alimentação das abelhas, mantendo os enxames durante a estiagem, já que devido às certificações da Casa Apis de produto orgânico e de Comércio Justo, se fazia necessária manter a alimentação natural dos insetos. Embora já tivéssemos todo o conhecimento prático da apicultura, adquirido ao longo dos anos, precisávamos de especialistas em reflorestamento e produção de mudas para auxiliar no processo. E o Sebrae chegou com todo o suporte tecnológico necessário para que pudéssemos atingir os resultados traçados, que é ter mais de 210 mil árvores plantadas e 315 hectares reflorestados até 2025”, afirma o presidente da Casa Apis, Antônio Leopoldino Dantas Filho, mais conhecido como Sitonho.

Até o presente momento, já foram mapeados cerca de 132 hectares para reflorestamento, com 153 áreas cadastradas e 117 áreas preparadas para o plantio, em 17 municípios da região de Picos: Jacobina do Piauí, Paulistana, Simões, Itainópolis, Wall Ferraz, Lagoa do Sítio, Marcolândia, Belém do Piauí, São José do Piauí, Pio IX, Caridade do Piauí, Fronteiras, São José do Peixe, Queimada Nova, Patos do Piauí, Massapê do Piauí e Padre Marcos.

Entre as espécies produzidas para plantio estão jatobá, juazeiro, sabiá, angico de bezerro, aroeira, moringa, algaroba e leucena, que são espécies resistentes a estiagem e cujas floradas produzem pólen e néctar para alimentação das abelhas, tendo ainda médio ou grande porte e muitas folhagens, características importantes para o sombreamento. Esses aspectos são essenciais para manutenção dos enxames no período da seca.

Além do Sebrae, a Casa Apis contou com o apoio de parceiros internacionais – Project Apis m., Oxfam Internacional, Fairtrade Acess Fund, Lush e Norevo – que aportaram recursos para aquisição de máquina agrícolas, investimento em infraestrutura logística, perfuração de poços, equipamentos de irrigação, entre outras providências necessárias para o pleno sucesso do projeto.

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