O impacto positivo do Desenrola Brasil para a economia

O governo Lula tem um programa em gestação que poderá impactar fortemente a situação financeira de milhões de brasileiros. 

A ideia, em verdade, foi levantada pelo candidato Ciro Gomes, preocupado com o alarmante nível de endividamento das famílias e das empresas. Segundo Ciro, o Brasil teria 66 milhões de consumidores e 6 milhões de empresas com o nome no SPC e no Serasa. “Uma multidão de endividados submetidos a uma escravidão financeira”, dizia o candidato.

Com pouca renda, endividados e sem crédito, fragiliza-se uma importante alavanca do crescimento econômico: o consumo das famílias. O Desenrola Brasil pretende alcançar 40 milhões de brasileiros com renda inferior a R$ 2.600,00. 

Há vários entraves para a implantação do programa. Para início de conversa serão necessários cerca de R$ 15,0 bilhões, não previstos no Orçamento Federal. Tais recursos formariam um fundo garantidor da repactuação das dívidas.

O Desenrola ainda está enrolado. Mas alguns pontos já estão delineados. O Banco do Brasil será o gestor e operador do fundo garantidor; os bureaus de crédito, como o Serasa, centralizarão as negociações.

Haverá um site, onde o negativado consultará suas dívidas e confirmará interesse na renegociação. Diante deste aceno, o credor fará uma proposta de renegociação. Em paralelo, as instituições financeiras também farão ofertas de empréstimos para liquidar as dívidas, em condições que podem, ou não, serem mais interessantes para os negativados. Será uma competição, onde vencerão as melhores propostas.

Segundo o Serasa, os valores negativados alcançam R$ 301,5 bilhões no país. Deste total, R$ 215,0 bilhões referem-se a débitos com as concessionárias de energia elétrica, água e esgoto, além do comércio varejista.

Não possuo os dados relativos ao Piauí. Mas, certamente, a proporção de negativados em nosso Estado é muito elevada. E, se o programa vingar, terá um importante impacto no consumo e na economia local.

As espetaculares taxas de juros, as maiores do planeta, associadas a uma baixa educação financeira, explicam esta triste realidade de nosso Brasil.
 

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