Indústria
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Aumento de subsídio deve aquecer construção civil do Piauí em 2022
Sindicato do setor conseguiu mudanças no Programa Verde Amarela, que havia sofrido cortes e prejudicado o mercado
Nícolas Barbosa - redacao@pinegocios.com.br
Empresários da construção civil do Piauí estão sentindo um forte impacto em sua atividade por causa das mudanças no programa Casa Verde e Amarela. Segundo relatório apresentado no Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção, de 2016 a 2020 houve uma queda de cerca de R$ 330 milhões nos valores financiados no estado pelo programa.
Por ser uma economia pequena, grande parte dos financiamentos no Piauí eram feitos para clientes com renda de até R$ 2 mil. No seu auge, a construção civil piauiense chegou a construir 9.278 casas para esse segmento em um ano. Já em 2020, o número foi de apenas 2.812 unidades, uma queda de quase 70%. Em 2021, os recursos repassados pelo Governo Federal direcionados a essa faixa de renda já foram completamente utilizados e não há perspectiva de novas liberações.
Com a falta de verbas para atender a principal faixa do mercado consumidor, o setor não consegue se movimentar e os valores orçados pelo Governo Federal não estão sendo realizados. Segundo o relatório, a Região Nordeste deixou de aplicar recursos de cerca de R$ 6 bilhões por ano desde 2017. No ano de 2020, isso representou R$ 1,5 bilhão a menos circulando no Piauí e 11 mil empregos que deixaram de ser criados no estado.
O número de postos de trabalho que não foram gerados é significativo, já que o setor de construção civil do Piauí emprega 35 mil trabalhadores no mercado atualmente. Além disso, representa 44% do PIB industrial piauiense.
Guilherme Fortes, presidente do Sindicato da Construção Civil do Piauí (Sinduscon-PI), diz que esse material foi o primeiro passo para que haja uma mudança do cenário a partir de dados reais. “Com esses números levantados, a gente fez uma apresentação para o presidente da Câmara dos Deputados, ministro [do Desenvolvimento Regional] Rogério Marinho, secretário Nacional de Habitação e um grupo de parlamentares federais para entender do problema”, afirma o empresário.
Fortes frisa que a apresentação, que aconteceu em agosto, já gerou resultados. No mês passado, o Governo Federal anunciou algumas alterações no Casa Verde e Amarela. Para clientes com renda entre R$ 2 mil e R$ 7 mil, ainda em 2021, é possível financiar um imóvel com maiores subsídios. A expectativa é que o valor médio da contrapartida do governo aumente de R$ 23 mil para R$ 35 mil. Mas para os clientes com renda de até R$ 2 mil, as melhorias devem ficar para 2022, quando a União vai ampliar os recursos disponibilizados para o programa.
Além dos subsídios, Guilherme Fortes aponta o problema do teto, que é o valor máximo de um imóvel para ser financiado pelo programa. Entre as mudanças do mês de setembro, o Executivo Federal ampliou os valores dos tetos em 15% para cidades que têm entre 50 mil e 100 mil habitantes e em 10% para as que têm entre 20 mil e 50 mil habitantes. A variação do teto agora é entre R$135 mil e R$264 mil dependendo do porte do município onde a habitação está sendo construída.
O relatório apresenta ainda mais duas propostas que significariam o retorno de algumas condições de financiamento que favoreciam o mercado. São a volta do percentual de liberação de até 90% do preço do imóvel a ser financiado, que havia sido reduzida para 80%, e do percentual de 30% para o endividamento da renda do cliente, que havia baixado para 24%. Sem essas medidas, há o risco de o cenário de 2020 se repetir, em que apenas 17% dos financiamentos foram para pessoas que recebem até 2 salários mínimos por mês.
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