Comércio & Serviços

Retomada

Pago a 40% dos piauienses, auxílio emergencial aquece o comércio

Benefício chegou a 1,3 milhão de pessoas e injetou R$ 3,43 bilhões na economia local

 
 
O comércio de Teresina sentiu menos o efeito da crise (Foto: Piauí Negócios)

 O comércio de Teresina sentiu menos o efeito da crise (Foto: Piauí Negócios)

 
 

Fortemente prejudicados pela pandemia do novo coronavírus, os setores de comércio e serviços do Piauí podem encerrar o ano melhor do que esperavam logo no início da crise. Indicadores econômicos comprovam o início da recuperação ainda em maio, quando quase todas as atividades comerciais ainda estavam fechadas. Estudos, especialistas e empresários ouvidos pelo Piauí Negócios concluíram a explicação para a retomada: o auxílio emergencial.

 

Segundo o Ministério da Cidadania, mais de 1,3 milhão de piauienses, ou 40% da população, receberam o benefício desde que ele foi lançado, no início de abril. As cinco parcelas de R$ 600,00 (as chefes de famílias receberam o dobro, R$ 1.200,00) terão injetado mais de R$ 3,43 bilhões na economia do estado até este mês de agosto. A princípio criado para evitar danos maiores, como desemprego em massa, perda de renda e fechamento de empresas, o auxílio emergencial foi mais além: resultou em consumo não só de alimentos, mas também de produtos e serviços considerados não essenciais.

 

 

Segundo o IBGE, após três meses consecutivos de queda (março, abril e maio), o setor de serviços no Piauí cresceu 6%. Já o de comércio, que pode funcionar graças ao delivery, iniciou a retomada já em maio, com alta de 5,8% em maio e 15% em junho. 

 

 

 

 

 

 

Um levantamento da Fecomercio-SP apontou que, dos R$ 190 bilhões liberados pelo benefício assistencial no Brasil até o final de julho, R$ 151 bilhões tiveram como destino o consumo varejista.

 

O valor, segundo a entidade, corresponde a mais de seis anos do valor anual distribuído pelo Bolsa Família, "o que torna o programa um instrumento de grande impacto sobre consumo". O montante impressiona porque beneficiou muitas famílias que não recebiam antes qualquer auxílio público.

 

No Piauí, além dos 655 mil beneficiários do Bolsa Família e dos 183 mil integrantes do Cadastro Único, o Governo Federal pagou também o benefício a 462 mil pessoas que trabalhavam na informalidade ou que fossem MEI (microempreendor individual).  Das 1,3 milhão de pessoas, 200 mil terá recebido R$ 1.200,00 por cinco meses.

 

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado do Piauí (Sindilojas/PI), Tertulino Passo, confirma o aquecimento do setor, principalmente nas lojas de material de construção e nas que trabalham com produtos populares.

 

“Logo que os decretos determinaram o fechamento do comércio, as lojas de material de construção foram autorizadas a reabrir logo, mas houve aglomeração de imediato. Ou seja, as pessoas aproveitaram pra fazer pequenas reformas em casa”, explica o sindicalista.

 


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A procura por material de construção foi tanta que até provocou inflação no segmento. Segundo o economista Dorgilan Rodrigues, os preços desses produtos eram vendidos com diferença de até 200% entre as lojas. “Também houve mais procura por eletrônicos, TVs, serviços de internet e TV por assinatura, pois as pessoas ficaram muito tempo em casa e focaram seus gastos nesses produtos e serviços”, conta o especialista. “O auxílio emergencial oxigenou até mesmo setores que estavam fracos antes da pandemia”, frisa.

 


A empresária Leomara de Castro Ferreira, dona loja Dicasa, em Piripiri, percebeu o impacto do auxílio emergencial logo que começou a atender por delivery, em abril. “Observamos o surgimento de um perfil de cliente que não existia antes da pandemia. Muitos deles compravam em dinheiro ou usando aplicativo Caixa Tem”, afirma a lojista, referindo-se ao aplicativo criado pelo Governo Federal exclusivamente para o pagamento do benefício.

 

 

A loja Dicasa, de Piripiri, observou um aumento nas vendas mesmo com a pandemia (Fotos: divulgação)

 

Outro indício de se tratava de um novo tipo de consumidor era o endereço para as entregas, feitas em bairros menos desenvolvidos. “Sem poder sair de casa, essas pessoas passaram ter tempo para cuidar da casa e decidiram gastar com o próprio conforto. Muitos relatam que agora tinham tempo e dinheiro para gastar com o que tinha vontade”, lembra Leomara.

 

 

Esse consumo inesperado fez a Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) e a Fecomércio-SP revisarem a expectativa de queda no varejo e comércio para 2020. A redução das vendas no comércio brasileiro em 2020, antes prevista para 13,8%, foi modificado para 6,7%. No setor de serviços, também houve alteração positiva. A CNC revisou de 5,9% para 5,7% a previsão de retração no volume de receitas em 2020.

 

 

 

O economista Willame Mazza, que coordenou uma pesquisa da Universidade Estadual do Piauí sobre o impacto da pandemia na economia local, confirma que o auxílio emergencial está minimizando a crise, pois produz crescimento da renda para todas as famílias que o receberam. “Inclusive as que não receberam diretamente, além de aumentar na arrecadação de impostos, compensando seus custos e na produtividade dos setores econômicos. Um estudo da FGV apontou que o auxílio reduziu a extrema pobreza ao menor nível em 40 anos”, diz.

 

O economista Willame Mazzam, da Uespi, defende que o auxílio seja prorrogado e se torne permamente 

 

Para ele, o auxílio emergencial é uma política pública que deve ser prorrogada e tornada permanente como uma renda básica ao cidadão, tendo em vista suas vantagens para o cidadão e economia.

 

O doutor em economia Juliano Vargas, professor da Universidade Federal do Piauí, também reforça que o auxílio emergencial foi importante para a contenção de danos ainda maiores, mas ele acrescenta que também houve, em julho, quando alguns setores da economia reabriram, uma demanda reprimida dos consumidores por bens e serviços quase que inacessíveis durante a pandemia.

 

Juliano Vargas, economista da Ufpi, diz que auxílio evitou danos maiores 

 

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