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Projeto de criação de abelhas ‘sem ferrão’ beneficia famílias do sertão do Piauí e Ceará

A meliponicultura é uma técnica de criação de abelhas nativas da Caatinga

 
 
Projeto já capacitou mais de 350 pessoas (Foto: divulgação)

 Projeto já capacitou mais de 350 pessoas (Foto: divulgação)

 
 

Com o objetivo de gerar renda para famílias sertanejas e conservar a natureza, a Associação Caatinga, uma organização sem fins lucrativos, está disseminando a meliponicultura, que se refere a criação de abelhas de ferrão atrofiado, nativas da Caatinga e conhecidas popularmente como “abelhas sem ferrão”. O projeto está sendo realizado em 40 comunidades rurais localizadas entre Buriti dos Montes, no Piauí, e Crateús, no Ceará, que fazem parte da Reserva Natural Serra das Almas.

A ação integra o projeto ‘No Clima da Caatinga’, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Desde 2011, mais de 350 pessoas foram capacitadas. “É uma atividade agrícola sustentável e legalizada que gera renda ao mesmo tempo em que incentiva a polinização de plantas nativas do semiárido”, explica Carlito Lima, agente de mobilização do No Clima da Caatinga. 

Abelhas sem ferrão são nativas da Caatinga (Foto: André Matos/Meliponicultura.org)

 

Para garantir efetividade de produção, a equipe do projeto realiza capacitações sobre meliponicultura, visitas às comunidades rurais para oferecer assistência técnica às famílias, além da distribuição das ferramentas necessárias para o manejo da abelha Jandaíra. Para sanar dúvidas, o projeto também disponibiliza uma cartilha sobre o tema. 

Moacir Lima, 41 anos, é agricultor e mora em Santana, comunidade rural de Crateús (CE). Animado e com o apoio do projeto, o agricultor iniciou sua jornada como meliponicultor e, até hoje, colhe os frutos da criação de abelhas. “Saber que a gente está contribuindo com a natureza é muito importante. Porque a gente não tá só preservando as abelhas, mas preservando o meio ambiente, né? E ainda por cima conseguindo gerar um dinheiro extra com isso para ajudar na renda familiar”, frisa Moacir.

Moacir Lima e sua família (Foto: divulgação)

 

A meliponicultura como potencializadora da preservação ambiental

Além da geração de renda complementar, a meliponicultura traz outra vantagem, a conservação das florestas. Por meio do processo natural de polinização, as abelhas “sem ferrão” contribuem para a preservação das florestas ao ampliarem e garantirem a variabilidade de espécies nativas do semiárido. No Nordeste, a Jandaíra (Melipona subnitida) é uma das abelhas mais utilizadas para a meliponicultura, porém, trata-se de um animal ameaçado de extinção.

“O No Clima da Caatinga distribui enxames da abelha Jandaíra, que é uma espécie endêmica da Caatinga, ou seja, só existe aqui. Nós fizemos essa escolha porque o mel da jandaíra tem fortes propriedades medicinais, um sabor diferenciado e é usado pelo povo sertanejo há séculos. No entanto, esse animal está ameaçado de extinção e já desapareceu de algumas áreas por causa da falta de florestas, o que traz ainda mais importância para a disseminação da meliponicultura”, acrescenta Carlito Lima. 


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Projeto No Clima da Caatinga

O projeto é realizado pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, atua no semiárido brasileiro desde 2011 e atualmente está em sua quarta fase. O objetivo é diminuir os efeitos potencializadores do aquecimento global por meio da conservação do semiárido, a partir do desenvolvimento de um modelo integrado de conservação da Caatinga.

Além disso, o projeto No Clima da Caatinga também integra o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Insetos Polinizadores (PAN Insetos Polinizadores), uma iniciativa coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. O PAN contempla mais de 60 espécies ameaçadas de extinção e reconhecidas como polinizadoras, dentre elas, a abelha Jandaíra.

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Fonte: Associação Caatinga

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