Indústria

Em três anos

No Piauí, cresce quase 10 vezes número de empresas consumidoras de energia livre

Mudanças na legislação do mercado livre de energia em 2024 devem impulsionar ainda mais o mercado

 
 
Ramos de comércio e serviços são os que mais utilizam energia livre no Piauí (Foto: Shutterstock)

 Ramos de comércio e serviços são os que mais utilizam energia livre no Piauí (Foto: Shutterstock)

 
 

O mercado livre de energia elétrica no Piauí está passando por um período de crescimento com o aumento significativo no número de empresas que optam por aderir a esse modelo. De acordo com dados fornecidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), atualmente o estado conta com 206 unidades consumidoras desse tipo de modelo, um aumento de quase 10 vezes se comparado a 2020, quando havia apenas 23 empresas optantes.

Essa tendência de crescimento está diretamente relacionada à abertura gradual do mercado livre de energia elétrica, que deve ser plenamente implementada a partir de janeiro de 2024. Atualmente, o modelo é acessível apenas para grandes indústrias, shoppings e redes de varejo, que têm uma demanda mínima de 500 kW. No entanto, a partir de janeiro de 2024, a entrada será permitida para todas as empresas conectadas em alta tensão, independentemente do volume demandado.

Atualmente, a quantidade de unidades consumidoras do mercado livre no Piauí corresponde a 0,015% do número total de consumidores de energia do Estado, que é de 1,3 milhão, segundo dados da Equatorial Piauí. Em termos de consumo de energia do mercado livre, o Piauí registrou um aumento de 15% de uso durante o período de janeiro a julho de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando 42 MW médios. Esse crescimento é especialmente atribuído às empresas dos ramos de comércio e serviços.

Fonte: CCEE

 

A flexibilização proposta pela nova legislação agrega mais competitividade ao setor. Por isso, há uma possibilidade de redução no custo de energia, combinada com uma maior previsibilidade nos gastos. Sendo assim, ao migrarem para a energia livre, as empresas consumidoras podem ter uma redução de custos de até 30%. Quem explica melhor é Lucas Machado, Gerente Corporate da SolutionsWM, plataforma plugada ao BTG Pactual, um banco que atua no mercado livre de energia há mais de 12 anos. 

“Sem o mercado livre o cliente é obrigado a comprar de determinada distribuidora. Quando ele migra para o mercado livre, passa a ter diversos revendedores de energia, e assim o cliente consegue um preço mais competitivo, pois a competição é maior quando várias empresas oferecem o mesmo produto. Uma das principais vantagens é que o cliente pode economizar de 10% a 30% na sua conta de energia mensal”, explica.

No mercado cativo não há competitividade (Foto: Reprodução/BTG)

 

Vale lembrar que o mercado livre permite uma transição para fontes de energia mais limpas, contribuindo para a agenda ambiental do país. Conforme destaca o Assessor da SolutionsWM, João Paulo de Alcântara, clientes do mercado livre contribuem para um futuro sustentável.  “Ao aderir ao mercado livre, o cliente vai estar contribuindo com a questão da sustentabilidade, além de ter uma redução direta na fatura dele”, afirma. 


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Para o professor de Economia e Políticas Públicas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Dr. Juliano Vargas, o crescimento do mercado livre de energia é visto como positivo, pois pode reduzir os custos fixos das empresas e aquecer a economia do estado. No entanto, ele ressalta a importância de investir em capacidade de geração e entrega de energia.

“Em tese, o novo modelo vai favorecer esse desconto às empresas e isso pode aquecer a economia. Porém, é preciso ressaltar que o Piauí, historicamente, tem um problema energético para gerar energia para todo o Estado. Com essa mudança, as indústrias podem demandar mais energia e isso pode ser um problema no médio e longo prazo”, aponta.

Economista Juliano Vargas (Foto: Arquivo Pessoal)

 

O professor acrescenta que já estão sendo adotadas medidas nesse sentido, como energias renováveis e hidrelétricas de outras regiões. “A solução está em equilibrar o crescimento econômico com o fornecimento de energia, fazendo com que as pessoas tenham mais acesso a bens de consumo duráveis e que as empresas e economia se dinamizem”, reforça Juliano Vargas.

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